Vespa ET4

[PCTavares]

Não foi preciso ter ido muito longe nas leituras dos vários fóruns para ter ficado com a sensação (ou certeza?) de que este modelo é claramente menosprezado (nomeadamente em relação à LX) e desprezado (principalmente por não ter mudanças).
O que é intrigante, pois será que não estamos a falar da primeira Vespa com motor a 4 tempos, do primeiro modelo da denominada “nova geração” e, provavelmente mais importante e emblemático, do modelo lançado por ocasião do cinquentenário da Vespa?
Estamos a falar do modelo que entre 1997 e 1998 foi o mais vendido em toda a Europa, o que proporcionou à Piaggio resultados económicos estrondosos e veio sedimentar a posição da Piaggio, e do seu modelo mais emblemático de sempre, a Vespa, num mercado então cada vez mais dominado pelas scooters nipónicas. E a Vespa não foi feita para ser adquirida pelas massas, pelo povo? A ET4 cumpriu assim fielmente este propósito.
Por outro lado, poderiamos garantir que a marca Vespa subsistiria ou que iria continuar a ser fabricada no futuro se não tivesse existido, paralelamente ao fabrico de uma linha mais clássica (actualmente representada pela PX), o desenvolvimento deste tipo de modelo com mudanças automáticas?
A meu ver, não é correcto assumir uma posição fundamentalista em relação a estas ditas Vespas “modernas”. São Vespas e ponto final. Não devem ser olhadas ou referidas com desdém.
Bem sei que a sensação de conduzir é completamente diferente. Por alguma razão também tenho uma PX. Mas para andar na cidade (e Lisboa é um excelente exemplo) sem ser em ritmo de passeio, convenhamos que não há nada que bata uma mota como a ET4 ou como a própria LX, até por possuirem lugar para guardar um capacete.
Finalmente, a comparação com a já mencionada LX. Pelo que disse no princípio, a ET4 será sempre muito mais especial que a LX. A Vespa LX não consegue ser nem de perto nem de longe tão autêntica como a ET4 uma vez que absorveu a estética da GranTurismo. Quem olha ao longe consegue distinguir perfeitamente uma ET4 imediatamente ao passo que entre uma LX e uma GranTurismo não será assim tão claro. A ET4 é mais invulgar e logo mais autêntica. A LX é mais polida e mais efeminada, no sentido de na sua estética ser cada vez mais orientada para o público feminino.
O tempo virá a tornar a Vespa ET4 num objecto extremamente admirado, desejado e valioso. Mesmo que actualmente suceda grosso modo o oposto. Tenho a certeza disso.
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Vespa PX 150E

[Marcelo Aguiar]

Olá Pedro!
Por estes lados a ET é de facto uma Vespa bem desprezada por estes lados.
Que uma automática é bem prática para a cidade, isso é, digo de experiência própria. E não é só por não ter mudanças: têm os pneus mais largos, têm o motor a meio, então têm o peso mais bem distribuído para curvarem melhor (e a LX curva bem "comó caraças" )... há uma série de pontos a favor no que diz respeito ao uso de uma "Vespa moderna" na cidade, nisso estamos de acordo.

Mas...

Todas as Vespas dos anos 80 para a frente passaram por um período de aceitação. Aconteceu isso com a PX, com a PK, e a ET, nem a LX escapam a isso. Os anos 80 foram realmente uma década de "penumbra" em termos de design, e isso reflecte-se principalmente na PK. A PK é bem feinha, mas agora, uns 20 anos depois, já tem aquele aspecto clássico, exactamente por causa do distanciamento da data.

Não digo que uma ET nunca será um clássico, mas acredito que vá demorar mais do que demorou a PK a ser aceite. Talvez porque foram feitas milhões e milhões delas, mas também não tenho a certeza se isso contribui. A ET é, de facto, a primeira da nova geração da Vespa e nela está materializada uma reviravolta que a Piaggio deu para resistir à tendência do mercado.

Mas sabes que Vespa editaram eles para comemorar o 50º aniversário? Uma 50S especial... provavelmente a Vespa mais bonita de sempre (não interessa agora os problemas técnicos que ela dá).

Portanto, não é por acaso que existe a distinção de Vespa moderna e Vespa clássica. Até à ET elas tinham, indubitavelmente, uma atitude, e depois assumiram outra. Não melhor, nem pior, mas diferente.
Há bocado estava a falar da PK. Existe um distanciamento, mas ela (digo eu) representa um "esquecimento" de valores de design da Vespa, mas continua a ser uma Vespa. E a ET também.
Mas digo-te sinceramente (na minha humilde opinião), não sei como conseguiram eles vender tanta ET, sendo ela como é... explico-te o porquê da minha opinião: os seus balons são quase imperceptíveis, não passam de ligeiras saliências nas laterais da mota, coisa que numa Vespa não faz sentido; aqueles piscazinhos laranja em forma de ovinho não ajudam lá muito (apesar de ficarem bem na ET, tendo em conta o desenho do resto da mota); e finalmente aquele farol, que não é nem trapezoidal, nem redondo, mas elíptico (!), destoa do resto das Vespas...
Agora, deixa-me dizer-te que lá porque a LX seguiu a linha da GT não quer dizer que seja mais ou menos autêntica. Como eu costumo dizer aqui neste forum, a ET representa a consciencialização de que era preciso fazer frente a um mercado cada vez mais agressivo, mas só com a GT, GTS e a LX é que o passo foi, de facto, dado. A GT revela muito, muito, maior adesão aos valores da Vespa do que a ET, sem sombra de dúvida: os balons dela são mais bem definidos do que na ET, um bocado na linha da Sprint, farol redondo... consequentemente, acho que a LX é "mais Vespa" do que a ET. Eu até acho, às vezes, que ela é mais Vespa do que a PK.
Agora, invulgar não quer dizer autêntica. A Cosa é invulgar e não me parece que ela seja autêntica. Mas a Cosa é outra história completamente diferente.
Epa, mas não digas que a LX é mais feminina do que a ET. Exactamente por ter linhas mais bem definidas (balons, piscas, faróis, entradas de ar, etc) faz dela uma mota mais masculina do que a ET, que é toda arredondadinha e querida. Se a LX vem na linha da GT, achas a GT feminina?
O tempo há-de vir, sim senhor, em que a ET será um objecto de desejo e até de culto. A LX também será um clássico. Mas vai demorar.
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abraços vespa
marcelo aguiar
Vespa PX125E

[Jony]

ó marcelo achas bem escrever isso tudo? (desmoralizei logo na segunda linha)
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Sprint 150 ; PX 125 T5 ; P5 172 Worb5

[Marcelo Aguiar]

Epa, entusiasmei-me...
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abraços vespa
marcelo aguiar
Vespa PX125E

[PCTavares]

Olá Marcelo!

Sempre pensei que fosses o primeiro, e quiçá o único, a responder-me. O que de resto se confirma, apesar de não ter sido essa a motivação que me levou a colocar o tópico aqui em questão. Pelo menos sempre agitamos, ainda que modestamente, um pouco este fórum.
O que disse, mantenho-o, não por teimosia mas porque é o meu ponto de vista. Apesar de respeitar, naturalmente, o teu ponto de vista. Mal estaríamos se as visões deterministas prevalecessem.
Nunca olhei para a Vespa PK e achasse que fosse um modelo feinho, bem pelo contrário. Logo, aos meus olhos a PK nunca precisou da distância do factor tempo para melhorar. Talvez seja eu que precise de óculos, não sei. O que importa frisar é que estamos no domínio dos gostos pessoais, e gostos dificilmente se podem discutir ou impingir.
Penso, contudo, que será difícil negar a ideia de que o que realmente marcou as comemorações do cinquentenário da Piaggio não tenha sido o lançamento do modelo ET. Se quiseres, a tal 50S foi para celebrar o passado e a ET serviu para a Vespa poder encarar o futuro com mais optimismo, pois proporcionou a abertura e a criação de um novo segmento no interior da emblemática marca.
A já comum distinção entre Vespas modernas e Vespas clássicas não se enquadra na perspectiva que eu tenho sobre o assunto. Na minha, igualmente humilde opinião, penso que faria mais sentido se existisse apenas a seguinte distinção: Vespas antigas e modernas. A PX que está presentemente no mercado também traz consigo novas tecnologias mecânicas em relação aos modelos anteriores, mas mantém determinados requisitos que a colocam num determinado segmento. A PX quando foi lançada, no final de da década de Setenta era o quê? Era moderna em relação aos modelos que a antecederam, tal como a PX que actualmente se encontra disponível no mercado é uma Vespa moderna. Enfim, tudo isto é discutível, felizmente.
Penso conseguir explicar-te o porquê de a Piaggio ter vendido tanta ET em poucas palavras. Muito sumariamente, a Piaggio conseguiu vender muitas ET’s porque a Vespa é um símbolo e porque através deste modelo a Vespa conseguiu chegar a um público alvo muito mais alargado fazendo, neste aspecto, uma analogia com os propósitos que levaram Enrico Piaggio a fabricar a sua primeira Vespa: o de chegar a todas as pessoas. Para além de tudo, foi um modelo que rapidamente se destacou por ser pequeno, ágil, por ter baixa emissão de poluentes e de ruídos e por ter um baixo consumo. E, sejamos realistas, nem todas as pessoas se desenvencilham ou têm paciência para as mudanças, para os óleos de mistura, para um travão no pé e outro na mão e por aí fora. O tráfego citadino tem-se tornado gradual e progressivamente mais complicado, tornando a circulação muito mais imediata, próxima e difícil. Para além de tudo, a Vespa não pode ser uma mota elitista. Se enveredar por esse caminho está a ir contra o seu passado. Daí a razão de se terem vendido tantas ET’s.
Finalmente a comparação com a LX e, neste campo, estamos de facto em desacordo.
Penso que a ET não veio renegar o passado. A ET foi conforme afirmas, e bem, uma consciencialização do presente mas foi também o tal passo dado que dizes que só sucedeu posteriormente. Dificilmente a LX vai vender mais que a ET. A ET foi uma necessidade, a LX foi mais uma jogada de marketing.
O modelo Vespa ET procurou manter o tradicional visual de formas arredondadas. Isso é notório na sua forma “arredondadinha”. Para mim os balons da LX fazem-me lembrar papel vincado. É demasiado anguloso, parece que foi feita a régua e esquadro. Falta-lhe ali o compasso da ET. Gosto mais do formato graciosamente convexo do balon da ET. Quanto aos piscas, o modelo que possuo tem os piscas brancos. De resto, também os prefiro nesta cor e também concordo contigo quando dizes que atendendo à componente global do modelo, os piscas não destoam. Aliás, penso até que a tornam mais castiça e original.

Uma coisa é porventura certa, a Vespa está em constante movimento. Mais de 100 modelos já foram lançados desde 1946 e todos os novos modelos lançados têm atrás de si uma história inolvidável. Agora, o movimento poderá não coincidir do com o nosso entendimento evolucionário, pois poderemos sentir que em termos técnicos, mecânicos ou meramente estéticos, esse movimento tenha antes sido uma (infortuna) regressão.

Um abraço para ti Marcelo.

P.S. - Do meu ponto de vista “invulgar” pode também significar especial e para mim o que é especial reveste-se incontornavelmente de autenticidade. Contudo, consigo também aceitar perfeitamente a tua noção de “invulgar”.
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Vespa PX 150E

[monteiro]

caros amigos ... pf sabem me dizer onde posso encontrar a venda piscas dos ponhus da vespa 50 de 1980???



agradecia resposta



abraços

[Carlos Maravilha]

Perdoem-me o desenterranço deste post.

Está extremamente bem escrito! E pelos vistos eu sou o gajo que gosto dos "patinhos Feios" da vespa já que possou uma COSA 200 e uma ET4 125.

O tempo provou que a LX foi um modelo mais prolifero, mas a ET4 terá sempre o seu papel na história da Vespa
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Cosa 200 1991 (Besta Vermelha Mal Amada) / ET125 2000 (BlackBeauthy)

As "Feias" e "mal Amadas" nunca deixam ficar mal os seus Homens